Aurélio Pereira e o pioneirismo da formação em Portugal


O Jornal do Sporting está diferente. Esteticamente mais arrumado, o conteúdo mais organizado, com uma equipa focada a 100% no clube. São óptimas notícias!

Hoje há entrevista de Aurélio Pereira sobre a formação. Absolutamente essencial a sua leitura.
Deixo algumas notas sobre algo em que o Sporting foi pioneiro na voz de Aurélio Pereira. Aproveito para lembrar que às 22.30 há entrevista dele na Sporting TV.

Em Setembro faz 30 anos que o Sporting implementou o departamento de recrutamento. Foi na direcção de Amado Freitas e porque havia um plano para o futebol sénior que visava também o futebol jovem. 

As captações eram em massa...nunca fiquei indiferente ao ver amigos meus irem para casa de lágrima no canto do olho.

Sugeri que se pudesse fazer alguma coisa por antecipação, mudando o paradigma simplesmente indo ao encontro dos jogadores em vez de esperar que os jogadores viessem até nós.

Escolhi umas 12 (para começar o departamento). Ou porque tinham jogado comigo, ou porque tinha experiência no futebol jovem, todos Sportinguistas. Sócios.

Com uma ideia simples, mas que resultou: enviámos uma carta a todos os Sócios e  Núcleos, que dava conta da criação do departamento de recrutamento do futebol juvenil e perguntava se conheciam alguém onde moravam que pudesse indicar novas estrelas do futebol. Creio que na altura foram mais de 90 mil cartas.

A partir tudo foi diferente. Tendo 20 ou 30 pessoas por distrito, só tivemos de seleccionar quem realmente estava ligado ao futebol jovem.

A pouco e pouco fomos melhorando, com coordenadores de zona. Relações que ainda hoje mantenho com muitas pessoas. 

Sempre fez (a formação parte do ADN do Sporting). Bebi tudo do conceito que já havia no Clube, do afecto com que se tratavam os jogadores. Sempre se respeitaram todas as etapas de crescimento e, principalmente, a compreensão que o erro é próprio do futebol.

Tive a felicidade de ser treinado por dois ex-jogadores fantásticos, Juca e Travassos, o primeiro jogador a participar numa selecção da Europa. Pouca gente se lembra do Jorge Mendonça, mas saiu do Sporting para o Atlético Madrid e ainda passou pelo Barcelona. É respeitadíssimo em Madrid, formou-se em medicina e era um jogador extraordinário.

Hoje, dado que os atletas começam no futebol com sete anos, temos de estar presente em todas as provas. E são imensas! Se não conseguimos apanhar um jogador aos seis anos, nunca mais o apanhamos. Aqui, quando não se ganha um jogador é uma doença.

Somos a primeira cara que aparece aos pais. Temos de criar confiança. E desmistificar um pouco a situação.

Cada um faz o seu trabalho. Treinar juniores não é o mesmo que juvenis. Nem juvenis são iniciados. Ninguém chega preparado a 100 por cento ao futebol profissional. Mas cabe ao treinador principal potenciar ao máximo as capacidades e as bases que são dadas na formação.

O dinheiro gasto na formação não é uma despesa. É um investimento. Vêm aí umas belíssimas gerações, carregadas de qualidade. Falo dos juvenis que foram campeões nacionais, dos sub-15 que aí vêm, dos sub-14. É preciso não esquecer o trabalho que está a ser feito no Estádio Universitário pelo coordenador Luís Dias. É aí que tudo começa. O cordão umbilical que tem de haver entre estas duas vertentes.

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